Vivemos rodeados de máscaras neste baile quotidiano em que só entra quem tem uma. Nem nos apercebemos que as temos colocadas por causa da leveza com que nos moldam a cada situação. À custa de as usarmos, elas vão-se entranhando na pele, fazendo-nos acreditar que somos o que parecemos, alimentando a ilusão de que somos mais do que criaturas patéticas aos papeis.
Tentamos esconder os nossos defeitos e vulnerabilidades; queremos acreditar que somos melhores aos olhos dos outros, de forma a sermos aceites. Criamos expectativas e ilusões, nem nome das quais fingimos, mentimos, matamos, pois preferimos outras realidades a ter de lidar com a nossa solidão.
A verdade é que ninguém as quer tirar. Uns porque têm medo de que não haja nada por detrás, outros para evitar o horror de revelar à luz do dia a criatura monstruosa que têm dentro de si. Com o tempo, tornam-se impermeáveis, amordaçando-nos dentro de nós próprios. E percebemos que não conseguimos tirar a máscara porque já nem nos recordamos do que realmente somos sem ela.
Mais tarde ou mais cedo, as máscaras começam a pesar, a sufocar, a revelar uma rigidez desconfortavel, que precede o surgimento de rachas a cada movimento em falso. Deixamos de ser livres, para sentir, para amar. Porque amar é sermos permeáveis e tirarmos a máscara perante o outro. E quando finalmente chega a meia-noite, descobrirmos que nos perdemos de nós próprios e o baile terminou e não restou ninguém para dançar a não ser aquela máscara no espelho.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Talvez ninguém queira tirar a máscara, porque depois de a colocares, ela passa a fazer parte de ti. Confortável ou incómoda.... mas ainda assim parte integrante do que és...
ResponderEliminarTalvez as máscaras façam parte de quem somos e quando amamos, também amamos a máscara mas não é a máscara que ama...
ResponderEliminarNão... não é a máscara que ama, mas tens razão, por vezes é possivel amar uma garrafa de água vazia, pela garrafa, e até pelo vazio... porque também se pode amar o nada...
ResponderEliminarNão se ama o nada pois ninguém é vazio...se a pessoa está vazia, tem de se encher para poder amar e ser amada.
ResponderEliminarPor nada, entenda-se neste caso o desconhecido... pois mesmo uma garrafa de água vazia tem ar lá dentro :)
ResponderEliminarGostei deste texto sobre máscaras. Começamos a criá-las na nossa adolescência para sermos aceites pelos amigos, familia ou professores. Com o tempo vamos criando varias para as varias areas das nossas vidas, pois assim sentimos que pertencemos a algo e não somos criticados. Mas como disseste com o tempo vão se tornado pesadas e custa-nos viver com elas, porque o que nos queremos é ser feliz e não só ser aceites pelo o que fazêmos passar para os outros. Queremos ser nós mesmos, talvez mais maduros e mais crescidinhos, mas sermos nós, somente nós.
ResponderEliminarSim é dificil vermos livre destas mascáras, talvez nem consigamos ver livre de todas, mas acho que devemos retirá-las para as relações com quem nós é realmente importante, para os nossos mais que tudo.
Devias ler ou ouvir o audio book do Miguel_Ruiz_-_La_Maestria_del_Amor
http://rs340.rapidshare.com/files/86367629/Miguel_Ruiz_-_La_Maestria_del_Amor_-_mp3.rar
um abraço,
Lili