quinta-feira, 11 de março de 2010

Engarrafado

Demorou muito tempo a chegar até ti esta mensagem, permanecendo esquecida nos escombros do meu coração. Agradeço à providência ter-te trazido até ela para finalmente te poder dar algo que sempre foi teu.
Acredito que há coisas tão maravilhosas quanto únicas e embora o destino permaneça um mistério velado que vou desbravando ao longo do caminho, sempre tive saudades de um amor que nunca veio.
Mas nunca é uma palavra que não existe no léxico do amor.
Da mesma forma que o meu sentimento transborda nestas palavras, o que quero partilhar contigo é este oceano infinito que nenhuma barragem pode conter.
É este sentimento inelutável que me faz espraiar as asas e saltar no vazio para te dar a mão, munido apenas do sempre fui.
Não sou mais do que o mensageiro dessa coisa linda que nos une na linguagem do criador supremo. A minha alma é mero fragmento de algo que se completa à tona do teu olhar.
Aquilo de que falo está para além de todo o tempo do mundo, onde permaneceu à tua espera para se revelar, pois algo acontece sempre, quando tem de acontecer.
Passei a minha vida toda à tua procura, à deriva em turbilhões de emoções que me faziam despenhar contra os rochedos de peito aberto. À força de tantas vezes naufragar, encalhei numa ilha deserta, cercado por águas revoltas e sinistras.
Aí permaneci durante todo este tempo, à tua espera para serenar a minha tormenta. Mas o tempo foi passando e o meu coração de tanta saudade chorou esta pérola negra que desaguou nas tuas mãos.
Fui abençoado com a vida e com o dom de a pôr por escrito mas a minha vida não é mais do que páginas soltas que esvoaçam sem rumo. Sei que quando te encontrar, irei escrever a história das nossas vidas. E assim o meu verbo será conjugado num nós finalmente completo.
És tu que me fazes acordar e acreditar no destino que irei partilhar contigo pela vida fora. Quero caminhar a teu lado e finalmente regressar a casa, onde criarei raízes e darei graças por cada instante de calor e de luz no meu peito.
Acredito que o amor não se define pois quando se ama, ama-se também a vida, que é sempre demasiado grande e misteriosa. E por isso sei que o preço a pagar por amar é libertarmos o nosso amor para que ele regresse um dia, quando encontrar o seu caminho.
Por isso meti todo o meu amor numa garrafa que flutuou pelo oceano do tempo até ti, para que tu o libertasses. Se por acaso achares que este amor não é teu, devolve-o ao mar salgado onde ele pertence.